domingo, 25 de agosto de 2013

"O menino do pijama listrado", de John Boyne

Lembro que por volta de 2008 muito se falou sobre "O menino do pijama listrado", de John Boyne. Li muitas criticas e a sua grande maioria -- se não todas -- eram favoráveis à história. Não importa quanto tempo passe, sempre que um livro que envolva o holocausto é lançado, tanto como romances ou diários, chamará a atenção das pessoas. Porque não importa quanto tempo passe essa é ainda uma parte da história que nos toca e indigna.


John Boyne ao contar sua história fez algo inusual: mostrou o ponto de vista de uma criança alemã de nove anos, filho de um comandante próximo a Hitler. Nesse seu toque de originalidade está o ponto alto do livro e ao mesmo tempo o mais baixo. Bruno é uma criança de classe alta, que um dia ao chegar da escola encontra sua criada fazendo as suas malas, pois em cima da hora sua família precisa viajar. A criança é extremamente inocente e até um certo ponto do livro é isso que nos faz gostar tanto da história. Como por exemplo quando ele se refere ao "Fúria", alguém que mesmo o menino não sabendo descrever exatamente quem é, ele sabe que é superior ao seu pai. Claramente vemos que ele se refere ao "Führer".

Mas no decorrer do livro essa inocência acaba se tornando massante. Em especial quando ele chega na sua nova casa e vê que tem uma grade que os separa de um campo onde há muitas pessoas, todas vestindo pijamas listrados. Novamente a pouca idade do personagem faz com que ele não entenda o que exatamente é aquilo, mas para nós leitores, tão conhecedores  desse período que somos, dispensamos apresentações: trata-se de um campo de concentração nazista.

Um dia Bruno sai para fazer um exploração pelo quintal da casa, quando ele se aproxima da grade ele vê que há um menino se aproximando. Esse menino é Shmuel, um garoto polonês que foi levado para esse campo com sua família. Durante todo um ano eles se encontram sempre que possível ali naquele local. E novamente a inocência de ambas as crianças incomoda. Mesmo com os encontros quase que diários, Bruno não toma consciência do que está acontecendo, ou o que é o campo onde seu amigo mora.

A história é emocionante sim, e o final é aterrador -- motivos pelos quais, creio, esse livro acumulou e vem acumulando fãs. Mas não há como negar que falta profundidade tanto em trama quanto em escrita. O livro de forma alguma é hiperestimado, muito pelo contrário, é fácil de reconhecer que ele tem muitos pontos altos. Um deles, por sinal, é o qual eu considero mais importante: ele te prende do começo ao fim. Em tempos em que todo mundo está com pressa, um livro que nos faça querer ler mais e mais é essencial. Mas com certeza há livros melhores sobre o assunto.

Vida longa à Martha Medeiros!

Essa semana, no dia 20, foi aniversário da Martha Medeiros! São 52 anos de vida, dos quais 28 são de carreira literára. Essa carreira ativa já rendeu 9 livros de crônicas, 5 livros de poesia, 5 romances, 2 livros de relatos de viagens e 1 livro infantil. E, claro, esperamos muitos mais nos anos que se aproximam. Para prestar uma simples homenagem reuni meus livros dela para uma foto. Só ficou de fora o "Non-Stop" que está emprestado. E logo esse que foi o primeiro livro dela que li.


Escritor favorito vivo é coisa rara e escritor favorito que inspira a cada livro lançado é mais ainda. Então achei que não haveria forma melhor de comemorar mais esse ano de vida da Martha do que lendo um de seus livros. O escolhido foi "Persona Non Grata", livro de poesias lançado em 1985. A orelha do livro ficou por conta de ninguém mais ninguém menos que Millôr Fernandes, onde, entre outras tantas palavras, ele disse: "[...] Martha Medeiros repete a dose, nem melhor nem pior, apenas excelente". E como você bem deve saber, o que Millôr diz não se contraria.


Quando se trata de Martha não tenho como escolher entre seus livros o meu favorito. Então minha recomendação é: leia o qual quiser, no gênero que quiser. Porque vale a pena. Ela é uma dessas escritoras que tem aquela rara qualidade de através de uma forma de escrita acessível escrever coisas profundas.

E mesmo que pareça bobo escrever isso aqui, uma vez que provavelmente Martha nunca virá a ler esse texto, não posso deixar de desejar feliz aniversário, saúde e tudo de bom pra ela, que é uma das minhas escritoras favoritas.