quarta-feira, 31 de julho de 2013

"1933 foi um ano ruim", de John Fante

Charles Bukowski diria sobre Fante: "Finalmente aqui está um homem que não tem medo de emoções". As emoções retratadas nesse "1933 foi um ano ruim" são as emoções de Dominic Molise, um adolescente de 17 anos, vindo de uma família italiana, onde há algumas gerações todos os homens tem seguido a carreira de pedreiro. Dominic quer mais para seu futuro.

É impossível durante a leitura não pensar que Dominic é um primo pobre de Holden Caulfield, d'O Apanhador do Campo de Centeio, de J. D. Salinger. Pobre em todos os sentidos. Dominic é de uma pequena cidade no estado do Colorado, com uma família totalmente endividada. Seu pai está desempregado há 7 meses -- ele atribui isso ao forte inverno pelo qual estão passando -- mas ainda assim ele passa seus dias e noites em um bar, fazendo apostas de sinuca e mantendo um relacionamento com uma outra mulher. A mãe de Dominic é uma pobre coitada, que passa seus dias rezando à Virgem Maria, na espera de melhoras na vida. Dominic também não faz as reflexões profundas que Holden faz nos seus passeios pela cidade de Nova York. Dominic se preocupa, sobretudo, com suas crenças religiosas e com o círculo que se fecha a cada geração de sua família: todos trabalham arduamente, porém, ainda assim todos continuam pobres.

No colégio Dominic sempre se destacou no jogo de beisebol. Fato que faz com que ele trate seu braço como uma entidade à parte do seu corpo. Não à toa Fante teve o cuidado de toda fez que citasse o membro em sua história usasse maiúsculas, O Braço. O final do livro é triste, mas nos faz torcer pelo futuro do personagem principal.

"1933 foi um ano ruim" foi publicado postumamente e talvez por isso, ao final de história, fica um gosto de história inacabada. Após a rápida leitura -- já que são apenas 138 páginas -- é injusto para com o leitor não saber o final derradeiro de Dominic. Mas essa á mais uma daquelas histórias que vem rápido e nos deixa refletindo por mais tempo, matutando sobre sua história e um possível final, condizendo com toda a sua realidade e ainda assim feliz.

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