quarta-feira, 5 de junho de 2013

"Quem é você, Alasca?", de John Green


Quando se tem 20 anos de idade -- meu caso -- é estranho dizer ou pensar "quando eu era adolescente", porque de certa forma sou e não sou mais. A gente cresce, passa por muitas coisas, adquire rotinas tão cheias quanto de qualquer pessoa "adulta" e por aí vai. Isso, para quem lê com frequência, também reflete nas suas leituras. Ano passado, depois de ler a trilogia "Jogos Vorazes", decidi não mais ler livros YA (Young Adults, caso não saiba), por motivos de (1) eu estava achando muito vago, (2) quem sabe eu nunca tenha sido um adolescente convencional, (3) já havia passado pelas loucuras de meu primeiro amor há algum tempo, e esse assunto é obrigatório nesse tipo de livro e (4) nem vamos entrar em questões de triângulos amorosos, traições de amizade, pé na bunda e etc.

Alguns meses após o episódio Jogos Vorazes lembro de que em quase todos os jornais e revistas que eu abria tinha uma reportagem dedicada ao "sick-lit", gênero literário dentro do YA, que tem como característica assuntos como câncer, suicídio, depressão entre outros. Essa "doença literária" é um termo pejorativo porém levado a sério, já que nos últimos anos foi um boom de livros lançados que se enquadram nessa categoria. O livro que trouxe o assunto à tona definitivamente foi "A culpa é das estrelas" de John Green, escritor norte-americano, premiado por livros anteriores, nerd assumido que junto com seu irmão Hank Green faz o VlogBrothers -- um canal no Youtube onde eles discutem desde literatura a assuntos sociais. Os seguidores do canal  recebem o título de NerdFighters.

John Green
John Green estreou sua carreira literária em 2005 com "Quem é você, Alasca?", livro que rendeu a ele os mais importantes prêmios de literatura norte-americana. Miles é um adolescente de 16 anos, nerd, não tem amigos e é obcecado por últimas palavras ditas por pessoas ilustres -- por conta disso ele é um leitor voraz de biografias e autobiografias. Num desses livros ele descobre que o poeta François Rabelais disse, antes de morrer, que estava indo atrás de um "Grande Talvez". Inspirado nisso Miles acredita que indo para a escola interna Curver Creek ele encontrará o seu Grande Talvez (mesmo ele não sabendo exatamente o que é). Lá ele faz suas primeiras amizades de verdade, entre elas, a menina mais rebelde do colégio, Alasca. Não preciso contar que ela é o primeiro amor da vida dele também, não é?

O que me fez gostar muito desse livro é que apesar de ter os assuntos obrigatórios de livros adolescentes (primeiro amor, o primeiro beijo, a primeira vez que bebe e fuma, a primeira vez sexual, intrigas etc) também há muitos outros assuntos que até o presente momento eu nunca havia lido em outro livro para essa faixa etária. Tamanha foi minha surpresa quando descobri que um assunto constante entre os personagens era o contraste entre vida e morte, que mesmo com tão pouca idade já se questionavam sobre o sentido da vida -- isso é, se de fato tem algum. Outra coisa que gostei muito foi um trabalho passado por um professor, que tinha como objetivo analisar 3 religiões sob o mesmo prisma e explicar a solução que cada uma dava uma determinada questão e o possível porquê de ser.

John Green me deu uma esperança no gênero YA, que eu estava precisando. Pretendo ler mais livros dele (e quem sabe até seguir umas dicas literárias que ele dá no VlogBrothers).




(Obs: John Green, assim como eu, é muito, muito, muito fã de "O Apanhador no Campo de Centeio", de J. D. Salinger. Não é lindo? Não sei se é coisa da minha cabeça mas teve vezes que enquanto eu lia o livro eu achava bem similar a forma que o Miles narra com a forma do Holden Caulfield. De qualquer forma, sendo ou não um plágio de narração, Green está perdoado :) 


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